COMPRA DE CALL A SECO: Tudo sobre essa estratégia

Por Francisco Costa
touro de wall street representando o mercado em alta

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O sucesso de uma compra de call a seco depende principalmente da habilidade de selecionar ações que irão subir e acertar o momento exato dessa alta. Não é uma tarefa simples, mas tem o seu prêmio.

A compra de call não é uma estratégia como as estratégias que requerem o manejo das opções, ela é antes de tudo uma aposta na ação no curto prazo.

Embora explicar a compra de call dessa maneira possa fazer parecer que não se trata de uma operação sofisticada, compreender a compra de call é essencial para compreender todo o universo do mercado de opções.

Por que comprar call a seco?

O principal atrativo na compra de call é a capacidade de alavancagem que ela proporciona.

Enquanto a compra de ações envolve um grande montante de dinheiro, é possível montar grandes posições com uma quantia de capital relativamente baixa.

Entendendo a Alavancagem da Compra de Call

Imagine que um investidor acredita no potencial de alta de Petrobras (PETR4) para os próximos dias. Atualmente as ações estão cotadas a R$ 35,00 e é quase um consenso de que rapidamente as ações chegarão a R$ 38,00.

Esse investidor tem duas possibilidades para não ficar de fora do rally:

  1. Comprar ações de Petrobras
  2. Comprar opções de compra de Petrobras

Se optar pela possibilidade número 1) ele terá que desembolsar R$ 35.000,00 para comprar 1000 ações e irá lucrar R$ 3000,00 se as ações chegarem até os R$ 38,00. Mas se optar em comprar call poderá comprar 2000 opções PETRJ369 cujo prêmio é de R$ 0,47 e terá que desembolsar R$ 940,00 e realizando um lucro de R$ 3940,00!

Enquanto a compra da ação proporciona um lucro de 8,57%, a compra da opção proporciona um lucro de 419,15%!

Por isso a compra de call se mostra uma operação tão tentadora, apesar dos problemas que ela pode ocasionar.

Objetivo deste artigo é elucidar os prós e contras dessa operação.

Risco versus Retorno em uma Compra de Call

A coisa mais importante a se saber sobre a compra de call a seco é que você só terá retorno se a ação subir no intervalo de tempo entre a compra da opção e a data de vencimento.

Por esse motivo, mais importante do que escolher a call a ideal é analisar a ação exaustivamente, procurando indícios de que a tendência no curto prazo é realmente de alta.

Após uma análise minuciosa da ação, partirmos para a análise dos strikes e vencimentos a serem comprados. Por mais que você acerte a direção da ação, ainda assim é possível perder dinheiro se você errar a escolha do strike e o timing da alta.

A compra de calls Out of The Money geralmente oferece maior potencial de retorno do que a compra de call In The Money. Mas isso tem um custo: elas também são as menos prováveis de se tornarem lucrativas antes do vencimento.

Quando analisamos a compra de call a partir da perspectiva de risco, a comprar calls ITM se mostra uma opção menos arriscada, embora que com menos poder de alavancagem.

Este, aliás, é um padrão que você encontrará frequentemente no mercado financeiro: quanto maior o risco, maior a possibilidade de lucro.

O tempo importa: Efeito Theta

Assim como a direção e os níveis de preço do ativo são importantes, o tempo também é crucial.

Toda opção tem uma data de vencimento, isso significa que após essa data a opção deixará de existir. Se o preço do ativo não ultrapassar o strike na data do vencimento, a opção vira pó e passa a não valer mais nada.

Além disso, na compra de call o theta da opção é negativo, o que faz com que a opção perca valor se todos os outros fatores se mantiverem constantes.

Abaixo um você pode conferir a curva do prêmio da opção a medida em que o tempo passa.

Curva demonstrando o efeito theta em uma compra de call
Curva demonstrando o efeito theta no prêmio de uma opção de compra

O Delta em uma Compra de Call

Outra propriedade que o trade de opções precisa ter familiaridade é o “delta” de uma opção.

De uma maneira simples, podemos definir o delta de uma opção como o quanto a opção irá se valorizar se a ação se valorizar 1 tick.

O delta também é chamado de “velocidade da opção” ou probabilidade de exercício.

De uma forma grosseira, também podemos considerar o delta como a probabilidade que determinada opção tem de ir a exercício.

Por exemplo, se temos uma opção de delta 0,30, podemos dizer que a opção tem 30% de ir a exercício na data do vencimento.

Ao contrário do que pode parecer, o delta é uma medida dinâmica, ele muda à medida que o preço da ação muda. Sua mudança é estimada pela também letra grega Gamma.

Para saber um pouco mais sobre as gregas de uma opção visite o nosso Guia do Mercado de Opções.

Qual Call Comprar?

Há havias maneiras de pensar a compra de call a seco. Em todas elas, é importante analisar o horizonte de tempo.

Se a sua compra de call é visando o vencimento que está prestes a acontecer, comprar calls ITMS pode ser mais interessante do que calls OTMs.

Se o vencimento não está tão longe e a ação tem se mostrado bastante volátil, uma call ATM pode se mostrar uma grande oportunidade de lucro rápido, sem nem mesmo esperar até a data do vencimento.

Definindo um critério apropriado para Compra de Call

Muitos traders inexperientes se baseiam apenas no valor em risco na hora de montar suas estratégias.

Vamos imaginar dois cenários.

Ação XY a R$ 40,00 e call strike R$ 45,00 por R$ 0,20

Ação XZ a R$ 40,00 e call strike R$ 45,00 por R$ 0,50

O trader sem muita experiência de mercado pode acreditar estar fazendo um bom negócio escolhendo a call da ação XY por custar menos e ter características similares. Mas tudo há um porquê.

O fato das opções de XZ estarem sendo precificadas mais caras se deve à volatilidade do ativo, quanto maior a volatilidade, mais cara se torna a opção.

Isso acontece porque a volatilidade indica a probabilidade de a ação chegar até determinado ponto.

 Aqui vão alguns critérios que você deve considerar na hora de comprar a sua call a seco.

  1. Assuma que a ação irá se comportar segundo a sua volatilidade histórica.
  2. Separe strikes condizentes com o possível range da ação.
  3. Elenque todos os strikes segundo a possibilidade de ficar ITM sem ignorar o risco que estará exposto.
  4. Escolha o ou os strikes que você irá montar posição.

Stop loss

O stop loss em uma operação com opções nem sempre é tão intuitivo quanto é na compra direta do ativo.

Enquanto na compra de uma ação você pode definir o stop a partir de determinado preço, nas opções você pode definir o stop loss segundo a variação do preço do prêmio ou o preço do ativo subjacente.

EXEMPLO: Você pagou R$ 0,55 por uma call de compra com o ativo subjacente custando R$ 25,00. Você pode definir o seu stop:

  1. Quando a opção estiver em R$ 0,30
  2. Quando a ação estiva valendo R$ 22,00.

No caso 2) é possível estimar quanto a opção valerá se a ação cair R$ 3,00, para isso basta utilizar uma calculadora de Black & Scholes.

O que fazer depois

Após montar a sua posição na compra de call a seco, o trader tem algumas possibilidades de opções.

NADA – Se a ação subir significativamente, o trader pode simplesmente deixar ir a exercício, comprando as ações pelo preço de strike da opção, caso queira comprar as ações de fato. Se a ação cair muito e o prêmio da opção fora R$ 0,00, o trader pode simplesmente deixar as opções virarem pó no dia do vencimento.

LIQUIDAR A POSIÇÃO – Se a posição se tornar lucrativa, ou mesmo atingir o ponto de stop loss, você pode encerrar a sua posição vendendo as opções compradas.

ROLAGEM – Nem sempre a operação é bem sucedida, mas o trader entende que se trata mais de uma situação de timing do que de direção, assim ele pode fazer a rolagem, que consiste na liquidação das opções compradas e na compra de novas opções de mesmo strike em um vencimento futuro.

Fazer rolagem quase sempre implica em assumir um prejuízo ainda que momentâneo.

SPREAD – Uma forma de gerenciar a posição é criando spread para travar perdas ou potencializar os lucros. Aqui no nosso portal temos uma relação de estratégias spreads.

Em outros artigos disponíveis aqui no nosso Portal você pode acompanhar estratégias mais elaboradas e o manejo correto de uma Long Call.

Por enquanto, ficamos por aqui e esperamos que este artigo tenha ajudado a esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto proposto.

Caso algo não tenha ficado claro, você pode deixar nos comentários que teremos o maior prazer em elucidar! 😊

Bibliografia:

McMillan, L. G. Options as a strategic investiment. 4th ed. Prentice Hall, 2002

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